sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cheiro de chuva...

A tarde se consome lenta, quando as primeiras brisas começam a forçar a janela.
Aí vem explicação do mormaço. Fecho os olhos...

O vento vai aos poucos enchendo os pumões que se movimentavam lentos.
As folhas balançam lá fora, descompassadamente.
Abro mais a porta e deixo a ventania tomar meus cabelos.
Arrepio incontrolável.
Pés já descalços dão mais um passo e sentem o frescor da grama.
O céu está pesado, mas a alma está leve.
As primeiras gotas fazem levantar do chão o calor da terra, e o cheiro indescritível.
Me deixo levar pela música que vai se formando a cada cair de gota no chão, no telhado, nas plantas...
A intensidade carrega as impurezas do coração.

Chuva forte escorre pela minha roupa encharcada.
Olhos cerrados forçam a imaginação de lembranças inesquecíveis.
Olhos cerrados me lembram que faz tempo que não tomo banho de chuva, com vontade.
Abro eles e volto a realidade de uma sala, uma máquina, um trabalho.
Cheiro de chuva continua lá fora, e eu continuo sonhando com ele...


As coisas geralmente não são como a gente quer ou espera, e a vida nos priva de alguns dos nossos desejos. Mas aí, a gente promete a si mesmo que um diavai fazer denovo. E é isso que nos move um pouquinho mais a frente, colocando um pé atráz do outro. E sei que um dia, esse dia vai chegar. Dia de cabelo molhado e alma limpa. Sonho com dias com cheiro de chuva...
Dias perfeitos – Sindy Spohr

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