terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Devaneando

"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros mas erros sãos seus
Não quero lembrar que eu erro também..."

Inevitável é passar um tempo e chegar aquela época em que a gente começa a filosofar sobre a vida.
Escutar uma música meio emocionante e começar a devanear.
Ah, meu devaneios.
Neles eu sinto saudade daquilo que eu não podia/precisava sentir.
Eu lembro de momentos perdidos em um canto remoto da memória.
Eu faço planos sobre coisas que não acontecerão.
Tenho sonhos sobre aquilo que não existirá.

Já falei aqui sobre incertezas e sobre instabilidade emocional. 
Mas com o tempo eu percebi que nem um milhão de palavras vai conseguir descrever o que a gente sente.
Algumas músicas, talvez, temporariamente.
Mas é sempre duvidoso, pelo fato de que no mesmo momento que se descreve, muda-se de ideia.


 

Ah, menina, chega de devanear?
Chega de mirabolar histórias.

E daí se eu gosto de subir as escadas de dois em dois degraus?
Sou só eu que gosto de pipoca queimada?
Que tipo de música imaginam que eu ouço quando passo com fones de ouvido e cara de quem está sonhando?


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mudar o mundo



O que falta pra mudar o mundo?
Falta tempo?
Falta dinheiro?
Falta vontade e dedicação?

Sabe o que realmente falta?
Faltam pequenas ações reciprocas.
Falta amor. Falta olhar de forma terna.
Falta você e falta eu!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sonhe!

As pessoas pensam que sonhos não são reais apenas porque não são feitos de matéria, de partículas. Sonhos são reais. Mas eles são feitos de pontos de vista, de imagens, de memórias e trocadilhos, e de esperanças perdidas.
Neil Gaiman 


E se me perguntarem porquê, eu mostro a Irlanda (L)


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Escrevinhando!

Entre jornalistas e outros profissionais da comunicação podem surgir algumas dúvidas na hora de escrever, então para relembrar segue abaixo um texto escrito pelo professor da UNICAMP João Pedro no qual ele dá trinta dicas para escrever bem.


             A voz passiva deve ser evitada.

             Anule aliterações altamente abusivas.

             Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

             Conforme recomenda a A.G.O.P., nunca use siglas desconhecidas.

             Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.

             Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.

             É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

             Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

             Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

             Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas contida e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
 

 

             Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

             Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??…Então valeu!

             Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”

             Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

             Frases incompletas podem causar

             Frases com apenas uma palavra? Jamais!
 
             Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem ideias próprias”.

             Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!
 
             Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

             Não esqueça as maiúsculas no início das frases.

             Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma ideia várias vezes. 

             Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.

             O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

             Outra barbaridade que tu deves evitar tchê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras!...Nada de mandar esse trem… vixi... entendeu bichinho?

             Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.

             Quem precisa de perguntas retóricas?

             Seja mais ou menos específico.
 
             Seja incisivo e coerente, ou não.

             Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação

             Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Não, obrigada!

Essa é uma daquelas coisas que a gente passa a vida toda ouvindo um lado, e derrepente ouve outra versão.
Mas será mesmo?
Não é por isso que necessariamente vamos mudar de opinião, certo?

Aos poucos a gente ai formando nossas convicções.
Claro que sofremos influências, mas elas continuam ser absolutamente nossas.
E você? Vai um trago ai?


http://super.abril.com.br/ciencia/verdade-maconha-443276.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super

Digo que vale a experiência.
A minha opinião depois depois dela?
Continua tendo um gosto horrível, dando vontade de vomitar, quase pondo o pulmão pra fora de tanto tossir, ardendo os olhos (dormir é o que há), ficando mais tonta do que já sou, lerda, uma fome danada (haja pizza) e claro... Uma vontade insana de transar loucamente (não que isso eu não tenha diariamente, haha (66) ;P )

Enfim.
E depois, se vale a pena repetir a dose ou não, a decisão é sua.
A minha?
Preciso disso não pra rir loucamente, transar loucamente, dormir loucamente e comer pra mais de metro.
To bem sem, não, obrigada!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

No pain, no gain! Em busca de um objetivo.




Ouça-me, a dor é temporária!
Ela pode durar um minuto, ou uma hora ou um dia ... ou até um ano, mas, eventualmente, ela vai diminuir! E outra coisa tomará o seu lugar.
Mas,se você parar, vai durar para sempre![...]

[...]Eu te desafio a tomar um pouco de dor!
Eu desafio você ... Eu te desafio a não passar por isso!
Você não vai morrer, no fim da dor é sucesso!
Você não vai morrer porque você me sentindo um pouco de dor! [...]

[...]É hora de tornar-se homem, tornar-se mulher!
Mas eu estou exatamente onde eu queria estar, porque eu percebi que tenho que entregar o meu próprio ser para isso eu tenho, que eu tenho que respirar isso.

E até que você chegar lá, você nunca será bem sucedido na vida, mas quando você chegar lá eu garanto que o mundo é seu!
Então, trabalhar duro e você pode ter o que é que você quer!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Demônio

- O tempo é fluido por aqui – disse o demônio.

Ele soube que era um demônio no momento em que o viu. Assim como soube que ali era o inferno. Não havia nada mais que um ou outro pudessem ser.
A sala era comprida, e do outro lado o demônio o esperava ao lado de um braseiro fumegante. Uma grande variedade de objetos pendia das paredes cinzentas, cor de pedra, do tipo que não parecia sensato ou reconfortante inspecionar muito de perto. O pé-direito era baixo, e o chão, estranhamente diáfano.
– Chegue mais perto – ordenou o demônio, e ele se aproximou.
O demônio era magro como uma vara e estava nu. Ele tinha muitas cicatrizes, parecia ter sido esfolado em algum momento num passado distante. Não tinha orelhas nem genitais. Os seus lábios eram finos e ascéticos, e os olhos eram olhos de demônio: tinham visto demais e ido muito longe, e frente ao seu olhar ele se sentiu menor que uma mosca.
– O que acontece agora? – ele perguntou.
– Agora – disse o demônio com uma voz que não demonstrava sofrimento nem deleite, somente uma horripilante e neutra resignação – você será torturado.
– Por quanto tempo?
O demônio balançou a cabeça e não respondeu. Ele percorreu lentamente a parede, examinando um a um os instrumentos ali pendurados. Na outra extremidade, perto da porta fechada, havia um açoite feito de arame farpado. O demônio o apanhou com uma de suas mãos de três dedos e o carregou com reverência até o outro lado da sala. Pôs as pontas de arame sobre o braseiro e observou enquanto se aqueciam.
– Isso é desumano.
– Sim.
As pontas do açoite ganharam um baço brilho alaranjado.
– No futuro, você vai sentir saudade desse momento.
– Você é um mentiroso.
– Não – respondeu o demônio. – A próxima parte é ainda pior – explicou pouco antes de descer o açoite.
As pontas do açoite atingiram nas costas do homem com um estalo e um chiado, rasgando as roupas caras. Elas queimavam, cortavam e estraçalhavam tudo o que tocavam. Não pela última vez naquele lugar, ele gritou.
Havia duzentos e onze instrumentos nas paredes da sala, e com o tempo, ele iria experimentar cada um deles.
Por fim, a Filha do Lazareno, que ele acabou conhecendo intimamente, foi limpa e recolocada na parede na ducentésima décima primeira posição. Nesse momento, por entre os lábios rachados, ele soluçou:
– E agora?
– Agora começa a dor de verdade – informou o demônio.
E começou mesmo.
Cada coisa que ele fizera, que teria sido melhor não ter feito. Cada mentira que ele contara – a si mesmo ou aos outros. Cada pequena mágoa, e todas as grandes mágoas. Cada uma dessas coisas foi arrancada dele, detalhe por detalhe, centímetro por centímetro. O demônio descascava a crosta do esquecimento, tirava tudo até sobrar somente a verdade, e isso doía mais que qualquer outra coisa.
– Conte o que você pensou quando a viu indo embora – exigiu o demônio.
– Pensei que meu coração ia se partir.
– Não, não pensou – contestou o demônio, sem ódio. Dirigiu seu olhar sem expressão para o homem, que se viu forçado a desviar os olhos.
– Pensei: agora ela nunca vai ficar sabendo que eu dormia com a irmã dela.
O demônio desconstruiu a vida do homem, momento por momento, um instante medonho após o outro. Isso levou cem anos ou talvez mil – eles tinham todo o tempo do universo naquela sala cinzenta. Lá pelo final, ele percebeu que o demônio tinha razão. Aquilo era pior que a tortura física.
Mas acabou.
Só que, quando acabou, começou de novo. E com uma consciência de si mesmo que ele não tinha da primeira vez, o que de certa forma tornava tudo ainda pior.
Agora, enquanto falava, se odiava. Não havia mentiras nem evasivas, nem espaço para nada que não fosse dor e ressentimento.
Ele falava. Não chorava mais. E, quando terminou, mil anos depois, rezou para que o demônio fosse até a parede e pegasse a faca de escalpelar, ou o sufocador, ou a morsa.
– De novo – ordenou o demônio.
Ele começou a gritar. Gritou durante muito tempo.
– De novo – ordenou o demônio quando ele se calou, como se nada houvesse sido dito até então.
Era como descascar uma cebola. Dessa vez, ao repassar sua vida, ele aprendeu sobre as consequências. Percebeu os resultados das coisas que fizera; notou que estava cego quando tomou certas atitudes; tomou conhecimento das maneiras como infligira mágoas ao mundo; dos danos que causara a pessoas que mais conhecera, encontrara ou vira. Foi a lição mais difícil até aquele momento.
– De novo – ordenou o demônio, mil anos depois.
Ele agachou no chão, ao lado do braseiro, balançando o corpo de leve, com os olhos fechados, e contou a história de sua vida, revivendo-a enquanto contava, do nascimento até a morte, sem mudar nada, sem omitir nada, enfrentando tudo. Abriu seu coração.
Quando acabou, ficou sentado ali, de olhos fechados, esperando que a voz dissesse: “de novo”. Porém, nada foi dito. Ele abriu os olhos.
Lentamente, ficou de pé. Estava sozinho.
Na outra ponta da sala havia uma porta, que, enquanto ele olhava, se abriu.
Um homem entrou. Havia terror em seu rosto, e também arrogância e orgulho. O homem, que usava roupas caras, deu alguns passos hesitantes pela sala e parou.
Ao ver o homem, ele entendeu.

- O tempo é fluido por aqui – disse ao recém-chegado.


Neil Gaiman

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Real x Irreal

O real e o irreal andam de mãos dadas. Tão depressa vivemos a nossa vida quotidiana como, de repente, nos deparamos com situações extraordinárias, quase irreais.
Outras vezes, o irreal toma conta da nossa vida, ultrapassando mesmo a realidade. Como na expressão dramática, como no Teatro.
Ou será que a irrealidade faz parte do mundo real e só se manifesta àqueles que o querem, realmente, ver?
Ou será que a irrealidade e a realidade são uma só, mas a linha que as separa é tão ténue que não conseguimos distinguir o real do irreal, a vida do sonho.?
Ou, pior que tudo, será que o irreal não existe, só existe a realidade, e irreal é o nome que damos às coisas por serem tão extraordinariamente mesquinhas, tão dolorosas, nos recusamos a aceitar que façam parte da nossa realidade; recusamo-nos a aceitar que entrem na nossa vida pela porta principal, encarando de frente a impotência dos humanos bondosos que, exactamente por o serem, tentam fechar os olhos às acções de outros humanos, tão pouco dignos desse nome.
Vida Real, Vida irReal.
 
 


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Forntuna

Ó Sorte
és como a Lua
mutável,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestável vida
ora oprime
e ora cura
para brincar com a mente;
a miséria,
o poder,
ela os funde como gelo.

Sorte imensa
e vazia,
tu – roda volúvel –
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
nebulosa e velada
também a mim contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.

A sorte na saúde
e virtude
agora me é contrária.
dá e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!

"O Fortuna é um poema que faz parte dos manuscritos de Carmina Burana, criado aproximadamente entre os anos de 1100 e 1200, dedicado à Fortuna, deusa romana da sorte e da esperança. O poema foi escrito em latim medieval sem levar a métrica latina clássica; ao invés disso, foi escrito com um estilo originado do alto alemão: o Vagantenlieder, um estilo típico dos goliardos. Sua fama atual em todo o mundo se deve ao fato de que Carl Orff compôs a música para este poema e colocou como parte de sua cantata Carmina Burana."