segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Cher garçon pervers...


É tão bom quando mantemos uma magia dentro do peito.
As vezes, mesmo não sendo mais "daquele jeito", guardamos ou até prendemos uma lembrança, um momento, para que ele nunca se perca.
Superestimamos como se fosse ser assim pra sempre!
Perfeito, eterno. O melhor!

Ilusão, não é?
As coisas nunca permanecem como a gente deseja.
Inevitavelmente acontecem as mudanças.
Mudanças no peito, na alma, na vida.
E então surge uma chuva de primavera e CABUUUM!
Como é ter aquilo que guardava como a melhor lembrança, destruida?
Um conceito, um apreço. E agora não existe mais, e isso é triste.
Tantas vezes falhou. E devia ter falhado mais uma vez. Por que veio?
As vezes é melhor evitar para não acontecer a decepção.

Nunca mais! Foi o que disse, e é isso que vai ser.
Porque não existe mais o encanto.
Se quebrou, como o feitiço da bruxa dos contos de fadas, quando o principe beija a princesa...
O beijo aconteceu, mas era um disfarce!
Bruxa, bruxa, bruxa má!
Sem nenhuma arma ou faca afiada, dilacerava-me.
Vadia.
Senti o sabor do sangue em minha garganta.
Prostituta.
Senti o ódio percorrendo as minhas veias.
Piranha.
E foi me matando.
Desgraçada.
E me matou de vez.
Minha vagabunda.
E a cabeça girava como se estivesse embriagada.
Te amo, te odeio. Te amo, te odeio. Mulher da minha vida!
Diz pra mim?
Não, não surgiram lágrimas. Surgiu o riso. HAHAHAHAHAHAHAHA!, era o meu grito de dor.
Perfeita!
Perfeita pra você, um encaixe perfeito. A imundice fundida em dois seres.
Minha maldição é a sua maldição. A carne não fez seu trabalho.

Duas horas ou dois anos? O tempo ficou confuso.
E então as nuvens sumiram, surgiram as estrelas.
Malditas. Me fizeram sonhar por anos paralelos.
Ah, a primavera... CABUUUM!
Sempre proporcionando momentos belos...
Hipócrita.
Não complete minhas frases como se fossem suas. Elas não são. Não mais.
Não, você não conhece meus pensamentos. Não mais.
Você se foi, eu fiquei lá. Insensível você diz? Nada mais previsível.
E eu permaneci, assim como desde o começo: Sozinha.
Só eu para contar as malditas, enquanto passavam as horas, as nuvens, e a lua despia a escuridão.
O frio só no peito, o calor só na mente.
E a cabeça girou. Caí. No meio do nada. A vista de tudo. A mercê do ridículo.
A terra molhada sujava ainda mais o cabelo e o corpo, mas a alma é que estava imunda.

E então percebi. O céu não é para mim. Mas aquele, estava ali por mim.
Imenso, intocável. Minha sina é ficar no chão, e não voar. Voar não existe mais.
Então alguma nuvem perdida me encontrou, e derramou suas lágrimas de dó ou desprezo.
Levantei, e dei o primeiro passo, depois outro, e outro, e mais um...
Deixei-me levar a minha origem. Só havia silêncio.
Entrei, despi-me. A água quente aos poucos foi levando o barro do corpo e da alma.
E as gotas doces se misturavam ao sal dos olhos.
E a garganta finalmente gritou em silêncio.
E depois a paz aquietou o coração.
E agora me sinto livre!
Nunca mais.

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